Trajeto do C/2019 U6 no Sistema Solar (http://astro.vanbuitenen.nl/comet/2019U6) |
Aos poucos o cometa tem aumentado seu brilho, e está transitando pela região oeste próximo a estrela Sirius, visível logo após o por-do-sol. Estimasse que seu brilho alcançará a magnitude 5,5 do dia 14 de junho até o dia 3 de julho de 2020. Para se ter uma ideia da sua visibilidade, o olho humano consegue observar em condições atmosféricas ideais estrelas de de magnitude 6,5.
Nota: Magnitude é uma medida de brilho ou energia emitido por uma estrela ou outros objetos do céu noturno. Essa escala vai de -27, como é classificado o Sol (mais brilhante), até +35, que é o limite alcançado pelo Telescópio Hubble.
Trajeto do Cometa para os próximos dias (http://astro.vanbuitenen.nl/comet/2019U6) |
Vendo inúmeras astrofotos dos amigos sendo compartilhadas, decidi mesmo sabendo das limitações do meu equipamento, fazer o meu próprio registro do cometa. Como daqui do apartamento tenho visão exclusiva para o lado sul do céu e um pouco de leste, tive que ir para a chácara de meus pais em um bairro vizinho para ter aquela parte do céu desobstruída. Domingo (31/05/20), começou o programa do Faustão e eu já tinha a desculpa perfeita pra não ficar na TV (oloco bicho!). Equipamento no carro, agasalho vestido e bora pra lá!
Captura do amigo Adriano de Oliveira com um Telescópio GSO 305mm (https://www.astrobin.com/4z0bqd/?nc=user) |
O primeiro passo e um dos mais importantes para a captura de qualquer objeto do céu é alinhar bem a montagem equatorial com o sul celeste. Aproveitei para testar
O primeiro passo é localizar o sul celeste, e mesmo conhecendo bem a região as vezes é fácil se perder nas estrelas. Alguns minutos depois eu já tinha a minha câmera apontada para o eixo polar e agora era hora de orientar o eixo da minha montagem para a mesma região. Com o laser ligado fui ajustando a latitude e depois a longitude até chegar com o faixo de laser bem no centro.
Sul Celeste localizado (a manchinha é uma poeira no sensor da câmera) |
A mesma imagem anterior somado com um print screen do Software Stellarium sobreposto evidenciando o eixo celeste. |
Após alguns ajustes, o laser quase centralizado no eixo. Para um perfeito alinhamento ele deve estar apontado bem no centro do polo. |
Montagem alinhada, era hora de caçar o danado do Cometa "U6 limão". A minha referência era a estrela Sirius, nada menos que a estrela mais brilhante do céu noturno, na Constelação de Cão Menor. Usei a Lente Canon EF 75-300mm f/4-5.6 III USM para busca e captura do cometa. Na menor distância focal da lente já foi possível localizá-lo bem fraquinho no campo da foto. E depois de localizado, aumentei para 135mm para deixa-lo bem centralizado no campo.
Já na primeira foto, foi possível localizá-lo (Canon 80D, 75-300mm @75mm, ISO 1250, f/4, 5s) |
(Canon 80D, 75-300mm @135mm, ISO 1250, f/4.5, 5s) |
Após localizado era hora de programar a captura, usando um intervalômetro programei para registrar 60 fotos de 20 segundos de exposição cada, totalizando 20 minutos de exposição. Devido aos erros de rastreamento da montagem, perdi alguns desses frames, e acabei totalizando 13 minutos e 50 segundos de exposição, com 43 frames utilizados.
(Canon 80D, 75-300mm @135mm, ISO 1250, f/5.6, 43 x 20s) |
Como ainda era cedo e o frio ainda não castigava tanto, fiz mais algumas capturas dessa vez em 300mm. Após 11 fotos de 15 segundos de exposição cada, fiz o já tradicional empilhamento no Deep Sky Stacker e depois o processamento no Photoshop, revelando a imagem abaixo com o cometa até mais visível do que eu imaginava.
Apesar da baixa quantidade de informação capturada do cometa, fiquei satisfeito pelo aspecto geral. Primeiro porque foi a primeira vez que levei meu equipamento para a chácara dos meus pais, foi bom para já ter um conhecimento para outras oportunidades, agora já sei o melhor local para montar a tralha, a direção do Sul Celeste, quais regiões do céu terei disponível e até quais vizinhos podem me atrapalhar com os refletores ligados. Segundo pois foi bem legal procurar mais informações sobre o Cometa, de começo eu estava muito curioso com "Lemmon" e descobrir que esse nome se deve ao local da captura (Mount Lemmon), foi bem legal. Escrever sobre a rotina da captura para mim também foi uma novidade e apesar de ter me tomado mais tempo do que eu esperava, diminui um pouco a sensação ruim de que "teria sido bom ter feito um vídeo de como foi feito essa captura". Sempre que vou a algum local bacana para fotografar o céu sempre penso em formas de criar um vídeo daqueles bem bacanas falando sobre o lugar, sobre as técnicas e tudo mais, mas quando chego eu só penso em aproveitar o máximo de tempo possível fotografando hahahaha Escrever sobre isso é uma forma de amenizar essa "perda" e poder compartilhar com quem lê, o que há por trás de uma astrofoto.