quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Construção do Pilar de observação Parte 2

Seguindo com o projeto do pilar de observação, acabei esbarrando em alguns "erros de projeto", que na verdade foram causados por falta de atenção minha. O primeiro foi quanto ao modo que a montagem ficariam encaixado no pilar. A eq5 possui uma parte central que vai abaixo do nivel do tripé melhorando a estabilidade e funciona como guia para ajuste de longitude. Acabei quebrando a cabeça sobre como eu iria fazer um encaixe para essa parte, e andando pela chacara do meu pai (que já é quase um ferro velho), me deparei com um disco de freio, que me parecia ser meio caminho andado, caso precisasse aumentar o furo central, e ao chegar em casa, uma bela surpresa: o disco encaixou perfeitamente.



Disco no estado em que encontrei


Teste com o encaixe da eq5


Disco depois de passar a escova de aço


Teste para ver a estabilidade

A partir daqui começaram alguns outros problemas. Percebi que a chapa de ferro deveria ser mais grossa e que a base do pilar também deveria ter um diametro maior para melhor estabilidade. O conjunto completo ficou mais alto do que planejei (outra falha por não medir antes) e depois do conjunto todo montado me atentei que o contrapeso fica pegando na chapa de ferro e que o conjunto todo vibra de forma consideravel, mas em contrapartida a vibração cessa com 3 ou 4 segundos. Vou tentar melhorar todo o conjunto ao longo desse mês, mas confesso que fiquei triste com esses erros que pra mi são primários. Faltou um estudo completo do projeto e das possibilidades de falha.

Por outro lado fiquei satisfeito com o custo do projeto, tudo ficou em torno de R$ 60,00, com cimento, chapas, barras roscadas e parafusos e uma broca de ferro. E o principal é que consegui fazer tudo sozinho, sem apelar para serralheiro ou algum tipo de serviço extra e grande parte do material como PVC, ferragem, disco de freio e outros materiais eu possuia aqui em casa ou na chacara.






Base superior mais baixa para melhorar estabilidade



Setup montado sobre o pilar

Ainda não decidi o que vai ser feito para melhorar a estabilidade, sugestões são bem vindas, mas de início farei alguns testes para ver como ele se comporta para astrofotografia 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Contrução do pilar de observação Parte 1

Essa semana dei inicio a um antigo plano de construir um pilar de observação na parte de baixo do quintal, pois apesar de na varanda ser mais pratico por estar perto de casa, qualquer coisa pra guardar o equipamento fica bem mais fácil, mas acabava perdendo boa parte do céu por conta do telhado da varanda e também por na região sul, ter um poste abençoado bem de frente. Outro ponto de vantagem do pilar fixo em relação ao tripé móvel é não precisar ficar fazendo alinhamento todo inicio de observação, mesmo marcando o chão com as posições dos pés isso sempre me tomava um certo tempo antes de realmente poder fazer algo. Acabei por escolher no quintal um local onde o poste de iluminação não atrapalhasse e fui salvo pelo pé de fruto conde que fica bem na frente do poste fazendo sombra.




A intenção era fazer uma base firme, então perfurei um tubulão com uns 90cm de profundidade e 15cm de diametro, não sei até então se essa seria uma profundidade ideal ou se foi rasa demais, ou até mesmo se não precisa ser tão fundo, fui pela intuição e optei por rebaixar a terra no entorno do furo pois ali também tera uma uma base quadrada de concreto que irá 15cm abaixo do nivel do chão, e mais 10 cm acima. Definidas as medidas, é hora de por a mão na massa. Fiz um concreto 2x1, a cada duas latas de areia usei uma de cimento, eu deveria ter colocado brita para dar uma liga melhor, mas na pressa acabei fazendo sem. Foi preenchido 20cm do tubulão de massa com algumas pedras, e a partir dessa altura coloquei a massa e inicio da ferragem. O tubo de pvc partiu de uns 20cm abaixo do nível do chão e seguiu até a altura desejada com a armação de ferragem por dentro.
Na primeira vez que fazemos algo, só depois de algum processo é que percebemos que poderiamos ter facilitado essa etapa de alguma forma, por exemplo, na hora de preencher o concreto por dentro do pvc, este ficou sem firmeza (é claro, o concreto ainda estava totalmente mole rsrs) e vi que não conseguiria preencher ele todo pois acabaria caindo, então enchi só até uns 50cm de altura. Quando digo que poderia ter facilitado esta etapa, digo que seria muito mais fácil fazer um suporte de 3 ou 4 pontos de madeira para firmar o pvc no local desejado, mas no fim apesar do trabalho a mais sem necessidade, consegui manter na posição e no nível correto.


Local definido já perfurado, o tubulão ficou com 90cm de profundidade


Primeira etapa com concreto já virado no local

Detalhe da armação de ferragem já com a massa até metade do tubo

A etapa seguinte antes de concretar o restante do tubo era deixar pronto os parafusos que vão servir para encaixar a montagem, para isto usei 3 pedaços de 33cm de uma barra roscada 3/8, e para fixa-las no concreto e não saírem da posição, fiz um gabarito com um pedaço de madeira. Durante esse processo alguns amigos sugeriram que eu fizesse em uma tampa de pvc do mesmo tamanho do tubo, mas apesar de ser pratico porque o tamanho seria o mesmo, a pouca rigidez da tampa poderia atrapalhar na fixação deixando os parafusos tortos. abaixo as fotos do gabarito e restante do tubo e da base preenchido com concreto e parafusos acentados. Espero que em uma semana já esteja tudo seco e pronto para fixação da montagem.


Restante da base concretada e gabarito com parafusos acentados

Detalhe da posição dos parafusos

Segunda parte: Suporte para fixação da montagem.



Para acoplar a montagem ao pilar é preciso fazer uma adptação com duas chapas de ferro, parafusos e porcas. Fui a um ferro velho aqui em Belo Horizonte e de cara dei de frente com o que me serviria, duas chapas bastante enferrujadas, mas muito firmes apesar de não serem tão grossas, possuem cerca de 2mm. O dono do ferro velho me cobrou R$ 5,00 nas duas, o que já me agradou bastante. Tive algum trabalho para arrancar este ferrugem todo, mas uma escova de aço que se adapta à furadeira me poupou um bom tempo de serviço. E após a remoção de parte do ferrugem, foi aplicado um fundo anti-ferrugem e feito os furos. 


Chapas de 25x25 e 30x30 no estado em que comprei.

As duas aqui após um bom tempo sendo limpas com a escova de aço. Reparem no estado da bancada.



Fundo recém aplicado, e que após seco parece deixar a chapa mais grossa e mais firme.


Aqui as chapas já secas e devidamente furadas. A chapa de baixo irá ser fixada no pilar de concreto pelos três parafusos, e estes quatro parafusos em cada ponta irão funcionar como ajuste de altura para a chapa de cima ficar nivelada. O furo no centro será onde o barra roscada de 1/2 irá passar para fazer a união com a EQ5.




Ao longo dessa semana quando a massa estiver seca, continuo com o projeto e vou atualizando as informações. Nesse meio tempo, deverá chegar os componentes e o arduíno para fazer a guiagem. 











quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Galáxias NGC 4038/4039 e NGC 4027

Meu primeiro registro de uma galaxias feito no dia 01 de fevereiro, numa noite um pouco complicada, nuvens surgiam do nada e desapareciam na mesma velocidade. A galaxia das antenas NGC 4038/4039 estão localizadas na constelação do Corvo a uma distância de 45 milhões de anos-luz de nós.As galáxias das antenas estão passando por uma colisão galáctica, e são conhecidas como as galáxias das antenas, porque as duas caudas longas de estrelas , gás e poeira ejectados das galáxias, como resultado da colisão assemelham a um inseto com antenas . Os núcleos das duas galáxias estão se unindo para se tornar uma gigante galáxia . A maioria das galáxias provavelmente sofre pelo menos uma colisão significativa em suas vidas. Este é provavelmente o futuro da nossa Via Láctea quando colidir com a galáxia de Andrômeda.
Abaixo o registro com SkyWatcher 150 f5 com 18'22" de exposição:




O astrofotografo mwill298 fez um registro das Galaxias das Antenas em RGB com mais de 7 horas de exposição somados todos os canais. É impressionante o tamanho das "antenas" quando comparadas ao tamanho das duas galaxias em colisão.

 


Aqui, uma ferramento utilizada para definir a astrometria da região, fornecido pelo site nova.astrometry.net, onde você carrega a imagem e ele retorna com a identificação dos objetos presentes no registro. 




terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Processamento M42

Um dos grandes alvos de astrofotografos, principalmente os iniciantes como eu, é a grande Nebulosa De Órion (M42). tanto pela facilidade de localização quanto pelos detalhes que ela revela mesmo em exposições curtas. Por muito tempo pelejei com o refrator de 70mm da skywatcher, mas não conseguia mais do que 5 segundos de exposição, acho que devido ao grande erro periodico que a EQ1 possuia. O fato é que agora consigo até 2 minutos de exposição com a EQ5, e nessa temporada pretendo acumular o máximo possivel de lights de Órion, espero no final possuir mais de 4 horas de exposição acumulada. Abaixo o resultado de um empilhamento da região com 18 minutos de exposição. Nesse meio tempo espero já ter conseguido preparar a guiagem da montagem, pois perdi alguns frames de 1 minuto por conta de trail nas estrelas.

M42, SW150 Nikon D3200, 18' exposição e ISO variado (400~1600)


Calculos básicos

Tempo nublado e o jeito é me voltar para os estudos sobre a capacidade do meu novo OTA e como aproveitar melhor a sua abertura. O OTA é um modelo refletor newtoniano da Skywatcher com 6" (150mm) de abertura e 750mm de distancia focal, com relação focal F/5.

Umas das primeiras coisas que uma pessoa que nunca teve contato com um telescópio quer saber é qual o aumento ou zoom que o telescópio possui. Ressalta-se que o aumento não é a caracteristica principal de um telescópio para observação do céu, e que ao ver anuncios de equipamentos astronomicos onde o aumento possui destaque, procure outro lugar para comprar, pois esta loja/vendedor não entende do equipamento que vende e pode lhe entregar algo de pouca ou nenhuma qualidade.

Cada telescópio possui um limite máximo de ampliação, determinado através da sua distancia distância focal, que é a distancia medida a partir da lente ou espelhos até a chegada no ponto focal do telescópio, dividido pela distância focal da ocular. Este calculo de ampliação se dá pela seguinte formula:
A = F / f   

Onde A (aumento), F (Distância Focal do Telescópio)  e f (Distância Focal da Ocular)

Então durante uma observação, utilizando a ocular de 10mm que veio no conjunto do ota, possuo uma ampliação de 75x, pois
A = 750 / 10     ->     A = 75x

Seguindo a lógica, utilizando uma ocular de 4mm em conjunto com uma barlow de 3x, o aumento seria de 562x. Na teoria sim, mas realidade não. Com este aumento  ultrapassamos a capacidade de aumento máximo do telescópio, que é calculada como sendo duas vezes e meio a abertura do telescópio: 

Amax = D x 2,5   

Onde Amax (Aumento maximo)  e D (Diâmetro do espelho/objetiva)

Vale ressaltar que mesmo estando dentro do limite maximo de aumento, não significa que a visualização permanecerá perfeita. Grandes aumentos provocam o escurecimento do objeto observado e proximo ao limite máximo, poderá ser proveitoso apenas em observações planetárias ou lunar.

Limite de Dawes é uma fórmula que é usada para calcular a máxima resolução de um telescópio e se dá pela fórmula
Dawes Unit = 115,8 / Diametro  

Logo o telescópio com 150mm de diametro terá o poder de separar objetos com um angulo maior ou igual a 0,772 segundos de arco. O limite de Dawes nem sempre mostra o verdadeiro valor limitador de separação, pois muitas das vezes a turbulência atmosférica de cada região denominada seeing, limita a resolução deste angulo de visão e atrapalhando astrofotografias com tempo de exposições acima de 2 segundos. Onde moro, em Contagem (MG), o seeing varia de 2 a 3 arcos de segundo, sendo menor a partir das 3h da madrugada, quando a temperatura da superficie terrestre vai caindo e se estabilizando.

Quando se observa através de uma ocular ou até mesmo pela buscadora o campo de visão fica reduzido por conta do aumento produzido pela mesma, Então se quisermos saber quanto do campo real está sendo observado de uma área do céu, enquanto se usa por exemplo uma Ocular Ploss que fornece 60x de aumento e possui campo de visão aparente de 52º, utiliza-se a seguinte formula:

Crº = Caº / A


Onde, Crº (Campo real em graus, Caº (Campo aparente em graus da ocular) e A (Aumento). As oculares mais usadas possuem os seguintes campos aparentes:

Ploss = 52º
S.Views = 67º
Ortoscopica = 43º
Planetárias = 55º

Voltando aos calculos, com estas informações teremos então:

Crº = 52º / 60  -->   Crº = 0,86º